Proponho algumas linhas de
reflexão. A primeira diz respeito à polarização social que está a emergir das
enormes desigualdades sociais. Vivemos um tempo que tem algumas semelhanças com
o das revoluções democráticas que avassalaram a Europa em 1848. A polarização
social era enorme porque o operariado (então uma classe jovem) dependia do
trabalho para sobreviver mas (ao contrário dos pais e avós) o trabalho não dependia
dele, dependia de quem o dava ou retirava a seu belprazer, o patrão; se
trabalhasse, os salários eram tão baixos e a jornada tão longa que a saúde
perigava e a família vivia sempre à beira da fome; se fosse despedido, não
tinha qualquer suporte exceto o de alguma economia solidária ou do recurso ao
crime. Não admira que, nessas revoluções, as duas bandeiras de luta tenham sido
o direito ao trabalho e o direito a uma jornada de trabalho mais curta. 150
anos depois, a situação não é totalmente a mesma mas as bandeiras continuam a
ser atuais.
Sem comentários:
Enviar um comentário