domingo, 3 de junho de 2012


(“O Massinga”)
 Salvador Ribeiro de Sousa, herói português que se tornou rei do Pegu (mais tarde Birmânia e hoje Myanmar), está completamente votado ao abandono, na casa do capítulo da Igreja de Santa Catarina, de Alenquer, que se encontra ameaçada pela ruína.
 Na casa do capítulo lá está a pedra tumular que mão amiga lhe mandou gravar o seguinte epitáfio: “Este capítulo é de Salvador Ribeiro de Sousa, comendador de Cristo, natural de Ronfe, Guimarães, a quem os naturais do Pegu elegeram por seu rei”.

(túmulo de antigo rei do Pegu)

Ainda hoje se desconhecem as circunstâncias em que o antigo rei do Pegu foi parar a Alenquer. Sabe-se que Salvador Ribeiro de Sousa, decorria o fim do século XVI (1590/99), foi eleito rei pelo povo do Reino do Pegu, um Estado do grande império Indo-China. Este capitão português comandava as tropas do rei de Arakan e recebeu licença para fundar uma Casa e Alfândega em Sirião. Intrometeu-se, porém, um “infiel” e ambicioso amigo (Philippe de Brito Nicote) que transformou esta cedência real numa base de negócios para os portugueses. O rei de Arakan, indignado, retaliou, atacando Salvador Ribeiro de Sousa, que se refugiou na fortaleza de Pegu e com um punhado de homens desbaratou uma esquadra de mais de 1 000 barcos e 40 000 homens que o cercavam, que acabaram por retirar depois de muitas baixas.
A fama desta proeza correu o Indo-China e os habitantes de Pegu deram a sua coroa a este guerreiro português, que, denotando desinteresse pelo poder, acabou por abdicar do trono, a favor do ambicioso Nicote, e retirar-se. Andou errante e solitário por Espanha e Portugal, apesar de ter sido galardoado em Madrid com uma comenda de Cristo, até que veio a falecer em triste solidão junto à vila de Alenquer.

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