(“O
Massinga”)
Salvador Ribeiro de Sousa, herói português que se tornou rei do Pegu
(mais tarde Birmânia e hoje Myanmar), está completamente votado ao abandono, na
casa do capítulo da Igreja de Santa Catarina, de Alenquer, que se encontra
ameaçada pela ruína.
Na casa do capítulo lá está a pedra tumular que mão amiga lhe mandou gravar o seguinte epitáfio:
“Este capítulo é de Salvador Ribeiro de Sousa, comendador de Cristo, natural de
Ronfe, Guimarães, a quem os naturais do Pegu elegeram por seu rei”.
(túmulo de antigo rei do Pegu)
Ainda hoje se desconhecem as
circunstâncias em que o antigo rei do Pegu foi parar a Alenquer. Sabe-se que
Salvador Ribeiro de Sousa, decorria o fim do século XVI (1590/99), foi eleito
rei pelo povo do Reino do Pegu, um Estado do grande império Indo-China. Este
capitão português comandava as tropas do rei de Arakan e recebeu licença para
fundar uma Casa e Alfândega em Sirião. Intrometeu-se, porém, um “infiel” e
ambicioso amigo (Philippe de Brito Nicote) que transformou esta cedência real numa base de
negócios para os portugueses. O rei de Arakan, indignado, retaliou, atacando
Salvador Ribeiro de Sousa, que se refugiou na fortaleza de Pegu e com um
punhado de homens desbaratou uma esquadra de mais de 1 000 barcos e 40 000
homens que o cercavam, que acabaram por retirar depois de muitas baixas.
A fama desta proeza correu o Indo-China e
os habitantes de Pegu deram a sua coroa a este guerreiro português, que,
denotando desinteresse pelo poder, acabou por abdicar do trono, a favor do
ambicioso Nicote, e retirar-se. Andou errante e solitário por Espanha e
Portugal, apesar de ter sido galardoado em Madrid com uma comenda de Cristo,
até que veio a falecer em triste solidão junto à vila de Alenquer.
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